Mas pronto! Auxiliada pelas palavras de Saramago, eles «quere(m) pelo desejo o que sabe(m) não poder querer pela vontade». (p. 79)
«(...) já os latinos garantiam, na língua deles, que mais valem e perduram os actos que as palavras, dêmo-los pois a eles por cometidos e a elas por supérfluas, quando muito empregando-as no seu mais remoto sentido, como se ainda agora tivéssemos principiado a primeira rede do casulo, esgarça, ténue, quebradiça, usemos palavras que não prometam, nem peçam, nem sequer sugiram, que desprendidas apenas insinuem, deixando protegida a retaguarda para recuo das nossas últimas cobardias, tal como estes pedaços de frases, gerais, sem compromisso, gozemos o momento, solenes na alegria levemente (...)». (p. 248)
O que mais lhes interessa «são precisamente estas notícias do quotidiano dramático e pitoresco, o conto do vigário, as desordens e agressões, as horas sombrias, os actos de desespero, o crime passional, a sombra dos ciprestes, os desastres mortais, o feto abandonado, o choque de automóveis, o vitelo de duas cabeças, a cadela que dá de mamar aos gatos (...)». (p. 340)
SARAMAGO, José - O ano da morte de Ricardo Reis. Lisboa: Caminho, 2003.
Saudações!
2 comentários:
E é com singela fluidez, apurada percepção do mundo que o rodeia, que o autor expressa tão nobre sentimento: Revolução!
:D
Bem-vindo, El Che!
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